sábado, 3 de setembro de 2011

Restaurante Rubro

Os viajantes encerraram mais uma semana de trabalho com uma visita a um restaurante da nossa capital. Desta feita dirigimo-nos à Praça de Touros do Campo Pequeno com uma reserva no restaurante Rubro (antigo "VinoTinto").
O restaurante dispõe de uma esplanada que, num dia soalheiro, convida à toma de uns aperitivos ou mesmo da refeição.
O interior, com bancos corridos e mesas em madeira, remetem-nos para memórias das antigas tabernas, mas não se deixe enganar, apesar de minimalista é bastante acolhedor.

Restaurante conhecido pela extensa carta de vinhos, toda uma fachada recheada de néctares nos acompanha à medida que percorremos os degraus que ligam o piso térreo ao andar superior. Para esta refeição optou-se por um "Pinga Amores - Reserva 2009" (16€), vinho alentejano produzido pela Senhora da Penha e de autoria do enólogo Celso Pereira.
Nota do Adegga: 4/5
Breve história no The Wine Company

Colocado o vinho a respirar passou-se aos "comes".
Restaurante espanhol que se preze tem as tão famosas tapas, e o Rubro dispõe de uma simpática e interessante carta neste capítulo.
Menu "Degustação de Tapas" (dose e meia)

Começando pelo canto superior esquerdo e no sentido dos ponteiros do relógio temos:
  • "Mini Trouxas de Chèvre". Massa folhada a fazer o papel que lhe era devido, o queijo de cabra intenso cortado ligeiramente com compota de frutos vermelhos e alguns frutos secos para ajudar ao crocante da massa. Uma verdadeira delicia!
  • "Mini Hambúrguer de Alheira e Espinafres". Alheira apresentada como se de um hambúrguer se tratasse, numa cama de espinafres salteados com uma base de bolacha. Não sendo fenomenal, o crocante da bolacha ajuda a criar alguma diversão dentro da boca.
  • "Courgette com Gambas". Que agradável surpresa, o sabor delicado da courgette a "esconder" uma gamba suculenta e cozinha no ponto.
  • "Peixinhos da Horta". Vou confessar que não sou grande apreciador de peixinhos da horta, mas estes estavam tão bons quanto os que a minha avó materna fazia, se a memória não me falha. Bem escorridos de óleo, não se tornaram nada enjoativos. Estaladiços por fora e com o feijão verde suculento e bem verdinho como manda a tradição. Cumpriu.
  • "Shot de Gaspacho de Maçã". Gaspacho à moda de Espanha, uma sopa portanto. A acidez da maçã conjuga na perfeição com o sabor do pepino, criando uma verdadeira busca de sabores. Interessante.
Cada dose de tapas custa 4€ tendo a degustação o valor de 12€.
Entre o momento em que começa a bebericar o seu vinho e a chega das tapas, terá um couvert de pão e azeite.

Para a refeição provou-se os seguintes pratos:
  • "Chuletón de Buey" (35€)
Costeletão de Boi

Uma costeleta de boi bem selada, permitindo que o interior, mal-passado, conserve os sucos da carne. Tempero digno de carne grelhada, estava saboroso e muito tenro. A acompanhar com batata pré-cozida e salteada com pele. Na carta este é um dos pratos aconselhados pelo chefe e tem uma nota que deverá de ser partilhada. Pois bem, deverá de ser partilhada por pessoa e meia no máximo.
Apesar do tempero, da textura e da confecção perfeita da carne, pede-se mais de um "costeletão" de boi. Estes tipos de pratos são, como diria o celebrity chef Jamie Oliver, dignos de um Captain Caveman, quer-ser muito mal-passado, tenro, bem temperado e GRANDE. Talvez se retirarem a nota "para partilhar" deste prato, então estamos de acordo!

  • "Plumas de Cerdo Ibérico" (12€)
Plumas de Porco Preto

Mais um prato aconselhado pelo chef, a carne apresentou-se perfeita. Grelhada no ponto certo, muitíssimo tenra, sem muita gordura e saborosa. Acompanhamento idêntico ao prato anteriormente descrito, mostrou alguma monotonia.

  • "Solomillo de Cerdo Ibérico" (14€)


Lombo de Porco Preto

Um belo naco de lombo de porco, suculento e tenro. Cozinhado na perfeição, apresentou-se com um "polvilhado" de queijo ralado (sabor idêntico ao queijo Pecorino, mas não consegui decifrar a verdadeira identidade do mesmo). Novamente o acompanhamento da carne a ser semelhante entre os três pratos experimentados. Seria interessante que, uma vez que este método de confecção de batata salteada o permite, existissem ligeiras variações com a presença de algum tomilho, alecrim, pimentão-doce ou outro qualquer condimentos que funcione bem com carne.

  • "Ovos Revueltos de Espargos Verdes" (8€)


Ovos mexidos com espargos verdes

Ovos mexidos na perfeição !! Não existe muito que se possa dizer deste prato. Os espargos verdes mostraram resistência à dentada tal como é pedido, criando o efeito crocante no meio de uns ovos mexidos "a escorrer" de sabor delicado e bem presente. Delicioso sem dúvida !

Quatro pratos e duas garrafas de vinho depois é chegada a hora de saborear as sobremesas, existindo sete opções à escolha na carta.
  • "Léria" (2€)

Pequeno rissol de ovos moles. Sabor intenso, bastante doce e de dimensão correcta.

  • "Bolo de Chocolate" (4€)
Sobremesa aconselhada pelo chefe. Massa macia e bastante leve com um recheio perfeito de chocolate.

  • "Sorvete Rubro" (3€)
Sorvete de Limão com Espumante

Sobremesa refrescante, em que a acidez do limão conjugou na perfeição com o espumante.
  • Creme Brulée de Pêra (3,5€)


Esta sobremesa apresentou-se bem flamejada, com o topo a oferecer alguma resistência à colher. O "crunch" da colher a quebrar essa barreira flamejada é a abertura de uma porta misteriosa de sabor e textura. A um creme brulée exige-se que não seja muito líquido nem muito sólido, e neste caso encontrou-se algo mais parecido a um pudim do que a um creme brulée. De sabor suave e pouco adocicado, esperava mais desta sobremesa. Infelizmente não cumpriu com a expectativa.

Em suma, o restaurante Rubro é um local agradável remetendo-nos a memórias de tempos de tertúlia, com um serviço eficiente, profissional e atencioso. A carta de vinhos é uma grande mais valia deste restaurante, onde poderá ter agradáveis descobertas de néctares nacionais e internacionais. Os pratos, com apresentação banal e descuidada, mostraram monotonia no acompanhamento aos elementos nobres desta casa - a carne. As sobremesas não sendo fabulosas também não comprometem.
Nota positiva para as tapas, essas sim, agradáveis surpresas.

Contas feitas, para quatro convivas, a factura apresentou 140€ de despesa. Talvez um pouco caro para a experiência vivida (~35€/pax), e uma vez que um dos fortes do restaurante é a carta de vinhos, dificilmente se conseguirá baixar dos 30€/pax.

Apesar disso, é um restaurante digno de ser visitado para uma tertúlia em torno da mesa, ao bom jeito latino.

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